Como lidar com a dor crônica? Mindfulness pode ser uma opção efetiva

mai. 18, 2018

A dor crônica afeta a qualidade de vida de aproximadamente 30% da população mundial (2 bilhões de pessoas), podendo
ocorrer em mais de 50% dos idosos, com custos anuais estimados de 50 bilhões de dólares. A dor crônica é aquela que persiste por mais de 3 meses, em média, ocorrendo mesmo após a lesão inicial ser curada e tem uma influência grande de fatores psicológicos.
Isso não quer dizer que a dor seja psicológica, mas que pode ser agravada pela maneira como a enfrentamos do ponto de vista
subjetivo e psicológico e, nesse aspecto, que mindfulness pode ajudar a melhorar efetivamente a qualidade de vida de pessoas
com dor crônica.


Como lidar com a dor crônica?

Para entendermos como mindfulness pode ajudar pessoas com dor crônica, é fundamental compreendermos os conceitos de
“sofrimento primário” e “sofrimento secundário”, que são ideias adaptadas da filosofia budista.

O “sofrimento primário” é o sofrimento original, que está realmente presente. No caso da dor, seriam as sensações corporais desagradáveis.

O “sofrimento secundário” seria aquele que criamos a partir do “sofrimento primário” – em geral, a partir de pensamentos e ideias produzidas no “piloto automático”, sem tomarmos consciência de que as estamos criando. No caso da dor crônica, chamamos esse “sofrimento secundário” de “catastrofização”.

Exemplos de “catastrofização” ocorrem quando enfrentamos a dor criando ideias e pensamentos do tipo “O que eu fiz de errado
para merecer isso?”, “Por que comigo?”, “Nunca mais terei uma vida normal”… Ou quando negamos a existência da dor (chamamos de “evitação”) e continuamos fazendo coisas em nosso dia a dia que pioram o quadro, como tomar excesso de medicamentos ou exagerar nos esforços físicos.

A prática regular de mindfulness nos permite uma aproximação mais consciente com os 2 tipos de sofrimentos (primário e
secundário) gerados pela dor crônica, diluindo aos poucos a “evitação” e também prevenindo o “sofrimento secundário” (“catastrofização”), melhorando assim a qualidade de vida. A prática de body scan ou escaneamento corporal (veja aqui como é um exercício de escaneamento corporal) é uma das técnicas de atenção plena mais usadas para o desenvolvimento dessa habilidade de perceber o surgimento do “sofrimento secundário”, permitindo o aumento da consciência corporal e de uma atitude mais positiva em frente à dor.


O que as pesquisas dizem?

A dor crônica é uma das patologias com mais estudos científicos mostrando a eficácia dos programas de mindfulness. Os
resultados mais recentes nos dizem que há melhora inclusive da intensidade da dor entres os praticantes regulares de mindfulness, sendo que os efeitos mais evidentes são sobre a qualidade de vida, como, por exemplo, a menor interferência da dor no dia a dia, diminuição da incapacidade para desempenhar as tarefas de casa e do trabalho, e menos sintomas de depressão e ansiedade relacionados à dor crônica.

Esses efeitos positivos são demonstrados nos vários tipos de dor crônica: fibromialgia, cefaléias e enxaquecas, artrite reumatoide,
dores musculoesqueléticas, como a dor lombar, e também nas dores menstruais (síndrome pré-menstrual).


REFERÊNCIA

Veehof e colegas. Acceptance- and mindfulness-based interventions for the treatment of chronic pain: a meta-analytic review. Cognitive Behavior Therapy, 2016.


PARA SABER MAIS SOBRE MINDFULNESS

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos,
informações em inglês)


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