Como lidar com as dificuldades para começar a praticar mindfulness?

mai. 09, 2019

ntroduzir mindfulness em nossa vida diária envolve uma mudança de hábito tão desafiadora quanto começar a fazer exercícios físicos regulares, mudar a dieta ou deixar de fumar. Para tomar a decisão de alterar hábitos de vida nós fazemos uma avaliação de maneira mais ou menos consciente das vantagens e desvantagens do novo comportamento.

No caso de mindfulness, as pessoas em geral veem vantagens como uma maior sensação de bem-estar físico e psicológico, maior capacidade de atenção e memória, e melhor manejo dos pensamentos e emoções. Como desvantagens, as pessoas costumam relatar falta de tempo ou estar muito cansado para meditar, tédio ou monotonia durante as práticas, conflito com a própria prática religiosa, ou falta de disciplina.

Como podemos ver, qualquer mudança de hábitos é complicada, pois envolve tomar decisões. Os benefícios com mais eficácia para nos ajudarem a a tomar a decisão de praticar mindfulness não são os indiretos (os que ocorrerão no futuro), mas sim os diretos, aqueles criados durante o próprio processo da meditação.

Esses benefícios consistem na coerência entre a meditação e os nossos valores e princípios, ou nas sensações de bem-estar e conexão consigo mesmo, que podem surgir durante a meditação. É isto que mais nos motivará a mudar. De fato, professores de mindfulness já comprovaram que as primeiras experiências que uma pessoa tem quando começa a praticar vão predizer, com bastante segurança, se ela continuará praticando no futuro.

Aqueles que consideram as sessões iniciais agradáveis e úteis tendem a manter a prática. Entretanto, é menos provável que as pessoas que mostram rejeição ou demasiada resistência nas primeiras sessões continuem praticando.

A recomendação nesse segundo caso, quando possível, é dar uma “margem de crédito à meditação”, cultivar a paciência e a confiança, da mesma forma que fazemos com alguns medicamentos, como os antidepressivos, ou seja confiando que os
benefícios virão com a regularidade e o tempo. Portanto, a motivação adequada é a chave para a adesão às práticas e sua manutenção.

Alguns conselhos são importantes para qualquer pessoa que deseje iniciar e manter uma prática regular de mindfulness ou de meditação. Basicamente, deve-se considerar, em especial no início, quando ainda estamos criando o novo hábito:


Onde meditar?

O principal é escolher um lugar tranquilo, de temperatura agradável, onde fiquemos à vontade e com poucas distrações, sabendo que ninguém nos interromperá. O ideal é que não haja barulho. Se não pudermos evitar ruídos, uma alternativa é o uso de
protetores auriculares que nos isolem do barulho. Não é recomendável meditar com música, pois gera mais distração e encobre de modo artificial o funcionamento habitual da mente.

Ao meditar em casa, convém escolher sempre o mesmo lugar. O estabelecimento de uma rotina facilita a mudança de hábitos. O simples fato de nos sentarmos no local de meditação – se for sempre o mesmo – já promoverá uma atitude receptiva.


Quando meditar?

É preferível reservar um tempo fixo na agenda para as práticas formais diárias (meditações). No entanto, meditar em qualquer momento ou em qualquer lugar, ainda que inesperado, é melhor que não meditar. A regularidade das práticas formais é muito importante para obtermos os benefícios de mindfulness e funciona também como lembrete (reminder) para a incorporação de práticas informais (levar o estado mental de mindfulness para coisas cotidianas, como a alimentação) em nosso dia a
dia.

Os melhores momentos do dia costumam ser pela manhã (ao levantar-se) e à noite (antes de jantar ou de dormir). Entretanto, quando não se pode seguir esses horários por motivos profissionais ou familiares, qualquer momento do dia é melhor do que
nada.


Durante quanto tempo devemos meditar?

Em relação à duração da prática, é preferível começar com períodos curtos (de 5 a 10 minutos) e, em seguida, aumentar o tempo gradativamente, de acordo com as possibilidades e necessidades de cada um. É melhor que as meditações sejam curtas no começo, assim teremos vontade de repeti-las; se forem demasiadamente longas, as abandonaremos. Um erro frequente entre os meditadores novos é estender muito o tempo de meditação. Acabam ficando esgotados em poucas semanas, pois sentem que a prática lhes toma muito tempo. Com a regularidade é fundamental, realizar as práticas de maneira diária e sistemática produz maiores benefícios do que práticas mais longas, porém esporádicas.

Vamos praticar?


Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.


Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos,
informações em inglês)

Fonte – UOL

Compartilhe

LEIA TAMBÉM

21 mar., 2024
Ao contrário do que muitos imaginam, Mindfulness não é só meditação ou uma prática para "esvaziar a mente" e se livrar de sofrimentos. Na verdade, Mindfulness é um estado natural da mente, acessível a qualquer pessoa, independente de gênero, idade, situação econômica ou social. Esse estado consiste no exercício de vivenciar o momento presente com mais foco e consciência, intencionalmente, numa atitude de maior aceitação e menos pré-julgamentos. Com impacto em diversos aspectos da qualidade de vida, Mindfulness é uma ferramenta poderosa no tratamento e prevenção de diversas doenças, alívio dos sintomas de depressão, estresse, ansiedade e dores crônicas, além de um rico instrumento para o desenvolvimento de lideranças e a sustentabilidade educacional e organizacional. PERGUNTAS MAIS FREQUENTES Mindfulness é religião? Não. Técnicas de Mindfulness são desprovidas de qualquer conteúdo religioso ou sectário. Com origem em diversas tradições culturais, religiosas e filosóficas, as práticas de Mindfulness, assim como outras práticas contemplativas ou meditativas, têm sido cada vez mais integradas a clínica contemporânea, principalmente na medicina e psicologia, com base em evidências científicas sobre os seus benefícios. Em quais situações podemos utilizar Mindfulness? Os programas baseados em Mindfulness são indicados como terapias auxiliares em casos de: Ansiedade e depressão; Dor crônica; Dependência de álcool, tabaco e outras drogas; Quadros orgânicos de hipertensão, diabetes, AIDS e doenças inflamatórias intestinais; Obesidade e sobrepeso; Sintomas de “Burnout” (síndrome do esgotamento profissional); Transtornos mentais em geral. Qual o sentido de "aceitação" em Mindfulness? É importante ressaltar que aceitação em Mindfulness não é resignação, e sim olhar a realidade como ela se apresenta, sem julgá-la ou reagir a ela no “piloto automático”, permitindo uma resposta mais efetiva (e menos reativa ou impulsiva) aos fatores de estresse do dia a dia. O que são IBM'S? As Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) têm sido progressivamente aplicadas e reconhecidas como terapêuticas seguras, eficazes e efetivas, tanto para pessoas portadoras de doenças ou transtornos emocionais e mentais, como para indivíduos saudáveis, no âmbito da promoção e prevenção da saúde.
um livro chamado a ciência da compaixão tem uma flor de lótus na capa
Por Mente Aberta 08 mar., 2024
Livro com o título La Ciencia de la Compasión
uma mulher está digitando em um laptop em uma mesa.
Por Vanessa Costa Lima 24 mai., 2023
Vamos começar te contando que há comprovação científica para a melhoria da saúde mental e da performance em ambientes corporativos onde se estimula a prática de Mindfulness. Mindfulness pode ser entendido como um treinamento do “músculo” da atenção, deixando nossa mente mais focada e menos dispersa no dia a dia, com mais consciência e menos […] O post Você se preocupa com a saúde mental no ambiente corporativo? apareceu primeiro em Mente Aberta Mindfulness Brasil.
TODAS AS LEITURAS
Share by: