É possível medir meu nível de atenção plena?

set. 30, 2018

Desde o surgimento do conceito de mindfulness, tentou-se medi-lo de várias maneiras. Para além do uso em pesquisas científicas, a ideia é poder ter um parâmetro um pouco mais objetivo dos níveis atuais de atenção plena de cada um, e verificar como ele evolui
ao longo do tempo. Já vimos que 30% da capacidade de estar mais ou menos “mindful” tem influência genética, mas que 70% dessa capacidade é treinável por meio de técnicas como as práticas de mindfulness.

A maneira mais comum e simples de se medir mindfulness é por meio de questionários psicométricos validados cientificamente (existem vários que medem mindfulness). Mas também se pode medir a atenção plena por meio ferramentas de neurociência, como os exames de neuroimagem, partindo-se da premissa que os níveis de mindfulness tem relação com a ativação e tamanho de algumas áreas cerebrais, como a ínsula e o córtex pré-frontal (medidas, por exemplo, por ressonância magnética, com a limitação de ser um exame caro e complexo de fazer).

É importante lembrar que uma qualidade mental tão complexa quanto a atenção plena não é totalmente mensurável por questionários, ou seja, essas medidas serão sempre aproximações da realidade. Um dos questionários mais usados, por ser mais curto e simples de utilizar, é o que conhecemos pela sigla MAAS (Escala de Atenção e Consciência Plena), originalmente feito em inglês, mas que já foi adaptado à língua portuguesa.

A escala MAAS foi uma das primeiras medidas da atenção plena validadas pela ciência, e avalia, globalmente, a capacidade de uma pessoa estar mais atenta e consciente no dia a dia. Ela foi desenvolvida a partir de uma mescla de conhecimentos advindos da
filosofia budista e das teorias contemporâneas de psicologia e de neurociência.

A escala MAAS é auto-aplicada, e composta por 15 ítens que medem a presença ou ausência de atenção e consciência em atividades do cotidiano. Ela é pontuada em uma escala do tipo “Likert” com um intervalo entre 1 (“quase sempre”) e 6 (“quase nunca”). O escore final é obtido a partir da média aritmética do total de itens somados, portanto o escore total varia entre 15 e 90. O escore mais alto indica maior nível de atenção plena.

Você pode verificar como estão seus níveis atuais de mindfulness clicando aqui.

Lembrando que não existe um valor padrão internacional de mindfulness, e que o escore final serve apenas como parâmetro individual, podendo ser uma referência pessoal para ser reavaliada ao longo do tempo, a fim de mensurar como prática regular de
mindfulness pode influenciar a nossa capacidade de estar mais “mindful” no dia a dia.

Vamos praticar?


Referências:

Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos del Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.

Para Saber Mais sobre Mindfulness

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte – Uol

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