Meditação é o mesmo que “relaxamento”?

abr. 04, 2019

Essa é uma dúvida muito comum, e a melhor resposta é “nem sempre”. No caso das técnicas de mindfulness (atenção plena) a resposta é “não”; ou seja, o principal objetivo das técnicas de mindfulness não é relaxar. Gostaria de deixar claro que não estou
dizendo que as técnicas de relaxamento não são boas ou efetivas, apenas que os objetivos e usos são diferentes.

Parece contra-intuitivo num primeiro momento, pois sabemos que a prática regular de mindfulness ajuda em especial no gerenciamento do estresse do dia a dia, então vamos entender melhor.

Assim como a ideia de “mente em branco” (conforme já comentei em outro post, para ler clique aqui), a expectativa de “relaxar” durante os exercícios de mindfulness é muito frequente entre praticantes iniciantes, podendo também se tornar uma barreira para a continuidade dos exercícios, quando não é atingida.

Retomando o exemplo do estresse, a principal diferença entre o relaxamento e as meditações do tipo mindfulness é que a prática da atenção plena nos treina particularmente numa nova perspectiva sobre os conteúdos mentais (pensamentos, emoções e impulsos), e pode fazer com que situações inicialmente estressantes não o sejam, ou que as mesmas situações possam ser vivenciadas de uma maneira mais consciente e menos reativa (é como se houvesse uma pequena mudança no “software” mental).

As técnicas de relaxamento, por outro lado, atuam mais efetivamente sobre as consequências do estresse no nível corporal, diminuindo, por exemplo, a frequência cardíaca e respiratória, a pressão arterial, e relaxando a musculatura.

O que ajuda a confundir um pouco mais é que muitas vezes as práticas de mindfulness acabam produzindo também um efeito de relaxamento, o que é perfeitamente normal, mas não é o objetivo principal dos exercícios.

Por outro lado, um praticante de mindfulness pode perceber o corpo e a mente “agitados” (inquietude) desde a perspectiva “mindful”, o que também é normal e esperado, e logicamente isso não “relaxamento”.

Tendo clareza desses aspectos de mindfulness, o praticante entende que faz parte do processo notar a “agitação” e a inquietude (diferente da expectativa de “relaxar”), e assim não desiste da prática regular por achar que está “errado” não ter relaxado.

Vamos praticar?


REFERÊNCIA:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.


PARA SABER MAIS SOBRE MINDFULNESS

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte – UOL


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