Pensamento “consciente” x “inconsciente”: conheça as diferenças

jun. 27, 2019

Embora nossa mente esteja sempre pensando (é da natureza da mente pensar…), podemos perceber a diferença entre dois grandes tipos de pensamentos: os “conscientes e voluntários” (em geral, menos prevalentes), e os “inconscientes e involuntários” (a grande maioria). A diferença entre eles pode ser percebida com base em suas características:

Pensamento consciente e voluntário
Dois exemplos seriam pensarmos voluntariamente sobre a preparação de uma palestra que daremos em alguns dias ou semanas; ou planejarmos uma conversa com colegas de trabalho sobre um problema concreto.

No pensamento consciente, que geramos de forma voluntária, costuma haver uma certa distância entre nós e o pensamento, ou seja, mais sensação de controle voluntário dos mesmos.

O envolvimento emocional não é tão intenso, é algo mais leve, e os pensamentos não necessariamente se encadeiam uns aos outros de maneira contínua ou automática.


Pensamento inconsciente e involuntário

Alguns exemplos seriam pensarmos automática e continuamente em nossas relações com chefes ou colegas de trabalho, com os quais discutimos frequentemente; ou termos pensamentos persistentes e involuntários sobre as dificuldades financeiras para chegarmos ao fim do mês.

Com esses pensamentos (que não são gerados por nós, ou seja, aparecem espontaneamente) temos uma maior identificação emocional (eles “grudam” emocionalmente em nós).

Em geral, nesses casos, não sentimos uma separação entre nós e os pensamentos, eles apresentam uma textura mais pesada e, frequentemente, formam um fluxo “ruminativo” e repetitivo de pensamentos encadeados, inacabáveis.

Temos menos sensação de controle, e não nos damos conta do tempo que passamos pensando porque somos absorvidos pelos pensamentos.


Distintos, mas conectados

Essas distinções que apresentei são meramente acadêmicas e didáticas. O processo normal no dia a dia é que podemos começar a pensar conscientemente em algo (por exemplo, o que dizer a um amigo com quem tivemos um problema) e, poucos segundos depois, entrar sem perceber no pensar “inconsciente” e involuntário do tipo “o que eu fiz de mal para que ele não gostasse tanto de mim; deveria ter feito isso ou aquilo, etc.”

Em outras palavras, tentamos pensar conscientemente, de maneira planejada e organizada, sem muito envolvimento emocional sobre um tema para buscarmos soluções e, poucos segundos depois, estamos ruminando preocupações relacionadas ao tema e acabamos nos perdendo durante um bom tempo e de forma improdutiva.


Como mindfulness pode ajudar?

A prática regular da atenção plena (mindfulness) pode nos ajudar de 2 maneiras nessas situações:

  1. Criando a habilidade de percebermos e discriminarmos quando estamos no modo “pensamento inconsciente”, ou seja, podendo ter mais clareza sobre qual tipo de pensamentos estamos envolvidos nesse momento; e
  2. Criando a possibilidade de não nos envolvermos por tanto tempo com os pensamentos “inconscientes” e improdutivos, podendo “dar um passo atrás”, olhar em perspectiva, e voltar aos pensamentos conscientes e voluntários, nos dando um pouco mais de controle sobre nossa situação mental.

Vamos praticar?

 

Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.

Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessmeeting.com (International Meeting on Mindfulness – Congresso científico internacional – São Paulo – 12 a 15 de junho de 2019)

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte: UOL

Compartilhe

LEIA TAMBÉM

21 mar., 2024
Ao contrário do que muitos imaginam, Mindfulness não é só meditação ou uma prática para "esvaziar a mente" e se livrar de sofrimentos. Na verdade, Mindfulness é um estado natural da mente, acessível a qualquer pessoa, independente de gênero, idade, situação econômica ou social. Esse estado consiste no exercício de vivenciar o momento presente com mais foco e consciência, intencionalmente, numa atitude de maior aceitação e menos pré-julgamentos. Com impacto em diversos aspectos da qualidade de vida, Mindfulness é uma ferramenta poderosa no tratamento e prevenção de diversas doenças, alívio dos sintomas de depressão, estresse, ansiedade e dores crônicas, além de um rico instrumento para o desenvolvimento de lideranças e a sustentabilidade educacional e organizacional. PERGUNTAS MAIS FREQUENTES Mindfulness é religião? Não. Técnicas de Mindfulness são desprovidas de qualquer conteúdo religioso ou sectário. Com origem em diversas tradições culturais, religiosas e filosóficas, as práticas de Mindfulness, assim como outras práticas contemplativas ou meditativas, têm sido cada vez mais integradas a clínica contemporânea, principalmente na medicina e psicologia, com base em evidências científicas sobre os seus benefícios. Em quais situações podemos utilizar Mindfulness? Os programas baseados em Mindfulness são indicados como terapias auxiliares em casos de: Ansiedade e depressão; Dor crônica; Dependência de álcool, tabaco e outras drogas; Quadros orgânicos de hipertensão, diabetes, AIDS e doenças inflamatórias intestinais; Obesidade e sobrepeso; Sintomas de “Burnout” (síndrome do esgotamento profissional); Transtornos mentais em geral. Qual o sentido de "aceitação" em Mindfulness? É importante ressaltar que aceitação em Mindfulness não é resignação, e sim olhar a realidade como ela se apresenta, sem julgá-la ou reagir a ela no “piloto automático”, permitindo uma resposta mais efetiva (e menos reativa ou impulsiva) aos fatores de estresse do dia a dia. O que são IBM'S? As Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) têm sido progressivamente aplicadas e reconhecidas como terapêuticas seguras, eficazes e efetivas, tanto para pessoas portadoras de doenças ou transtornos emocionais e mentais, como para indivíduos saudáveis, no âmbito da promoção e prevenção da saúde.
um livro chamado a ciência da compaixão tem uma flor de lótus na capa
Por Mente Aberta 08 mar., 2024
Livro com o título La Ciencia de la Compasión
uma mulher está digitando em um laptop em uma mesa.
Por Vanessa Costa Lima 24 mai., 2023
Vamos começar te contando que há comprovação científica para a melhoria da saúde mental e da performance em ambientes corporativos onde se estimula a prática de Mindfulness. Mindfulness pode ser entendido como um treinamento do “músculo” da atenção, deixando nossa mente mais focada e menos dispersa no dia a dia, com mais consciência e menos […] O post Você se preocupa com a saúde mental no ambiente corporativo? apareceu primeiro em Mente Aberta Mindfulness Brasil.
TODAS AS LEITURAS
Share by: