Pessoas com esquizofrenia também se beneciam ao praticar mindfulness

nov. 28, 2018

A esquizofrenia é uma condição grave, crônica e debilitante, e continua sendo um dos transtornos psiquiátricos com maior carga social, dada sua gravidade.

Apesar dos inegáveis progressos no tratamento, poucos pacientes experimentam recuperação funcional total, com cerca de um terço dos pacientes mantendo um nível significativo de sintomas. Tais fatores contribuem decisivamente para a baixa autoestima
e estigmatização das pessoas portadores de esquizofrenia.

Sintomas de depressão ou ansiedade são responsáveis por uma boa parte dos problemas psíquicos associados à esquizofrenia, e em alguns casos podem se tornar mais prejudiciais do que os próprios sintomas mais clássicos e lembrados do quadro, como delírios e alucinações.

Os programas de mindfulness fazem parte dos possíveis novos caminhos para a melhoria da saúde geral de pessoas com esquizofrenia. Os benefícios de mindfulness não são necessariamente a eliminação ou redução de delírios ou alucinações, mas a
possibilidade de aprender a lidar melhor com esses tipos de sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Nesse sentido, os estudos mostram que pessoas com esquizofrenia que passaram pelo treinamento em mindfulness conseguem ter mais autoconsciência (insight do que estão vivenciando) mesmo durante as crises de delírio e alucinação; além de terem menos sintomas de ansiedade e depressão, permitindo uma maior funcionalidade no dia a dia.

A partir do desenvolvimento da habilidade mindful, pode-se lidar desde outra perspectiva com as “vozes” e imagens alucinatórias e com os pensamentos delirantes, trazendo-se aceitação à experiência da psicose, o que melhora a sensação de bem-estar e a própria adesão ao tratamento.

Para pessoas com esquizofrenia, o melhor momento para se começar a praticar mindfulness é na fase mais estável do tratamento, e é sempre uma decisão compartilhada com o médico e os terapêutas de referência. Os programas de mindfulness também são adaptados para atenderem às necessidades específicas dessas pessoas, por exemplo, as práticas de mindfulness são mais curtas e se dá ênfase às práticas em movimento.


Referência:

Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.

Para saber mais:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte – Uol


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