Sonolência e dor: desafios físicos para a prática da meditação mindfulness

ago. 06, 2019

A prática das meditações do tipo mindfulness podem trazer desafios físicos e psicológicos, em especial quando estamos iniciando o treinamento. É importante conhecê-los e saber como manejá-los, assim não desistimos de praticar. Hoje tratarei dos 2 desafios físicos mais comuns:


Sonolência

É o mais comum e relatado pelos praticantes iniciantes (e mesmo os avançados). Muitas pessoas experimentam
sonolência quando começam a meditar.

Em geral, estamos tão acostumados à atividade e ao estímulo mental, que a sensação de “parar” um pouco ao meditar pode nos levar naturalmente a esse estado. Como sabemos, o objetivo de mindfulness não é dormir, pois as potenciais mudanças psicológicas e físicas que a prática de mindfulness produz requerem que o indivíduo esteja desperto. Assim, é importante analisar os fatores físicos que podem induzir ao sono, para lidarmos melhor com os mesmos.

Uma causa comum é fato de fecharmos os olhos durante a meditação (pois facilita a percepção interna, por exemplo da respiração), assim se houver sonolência, uma dica simples é simplesmente abrir ou entreabrir os olhos (não é obrigatório ficar de olhos fechados).

Outras causas comuns são praticar após as refeições (se não der pra evitar, sugere-se que a alimentação seja leve); ou
estamos muito cansados, seja por excesso de trabalho físico ou porque dormimos mal, e o mais sensato nesses casos,
quando possível, é nos recuperarmos ou descansarmos antes de começarmos a meditar.

Se a sonolência for leve e manejável, uma dica é simplesmente ajustar o corpo (reequilibrar o corpo), ou fazer algumas inspirações mais profundas, para “ativar’ um pouco.


Dor ou Desconforto

A dor está, em geral, associada a certas posturas de meditação, como a postura de lótus e de semilótus, consideradas
muito importantes em algumas tradições. Em mindfulness a postura é muito mais livre e cômoda, como por exemplo
sentado confortavelmente em uma cadeira, com o corpo um pouco mais erguido e estável.

Apesar disso é possível experimentar um pouco de dor ou desconforto em meditações mais longas. Um primeiro aspecto é tentar identificar qual a origem do desconforto (roupa inadequada para a meditação, posição imprópria, alguma causa física ou doença pré-existente) e tomar as medidas necessárias para cada caso.

Em geral, o desconforto vem de uma postura inadequada (ou no início ou durante a prática), e a dica aqui é
simplesmente ajustar a postura (ou antes ou durante a prática) para que ela volte a ficar estável e cômoda (sim, nós
podemos movimentar ou ajustar o corpo durante a meditação, e a ideia é que façamos isso também com atenção plena).

Se o problema persistir, ou se a causa for física, relacionada ou não a uma doença, é fundamental conversar com um
instrutor qualificado. Entretanto, apesar de termos tomado as medidas necessárias para resolver a dor ou desconforto – e mesmo com anos de prática – em algumas ocasiões é normal sentir um pouco de dor durante a meditação, assim como é frequente experimentar um pouco de mal-estar, de vez em quando, no dia a dia.

Para essa dor residual, de pequena intensidade, mas muitas vezes inevitável (como é o caso dos quadros de dor
crônica), o que se recomenda na prática de mindfulness é convertê-la no objeto de meditação, ou seja, transformar a dor ou desconforto no foco da atenção, mas com suavidade e curiosidade (sem forçar).

Por exemplo, uma dica simples é imaginar que estamos respirando com aquele ponto de tensão ou desconforto, em
mantermos a atenção ali por alguns instantes (novamente, sem forçar). Assim, ao invés de resistirmos ou termos
aversão ao desconforto, há uma aproximação. Parece contra-intuitivo, mas ao fazermos isso, mudamos a perspectiva
sobre a dor, e o manejo fica mais natural (menos sofrido).

Vamos praticar?


Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.

 

Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo –
Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – UOL


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